UTIs sem condições e sem pacientes
Quatro leitos de UTI Geral do Hospital Walfredo Gurgel estão sem
pacientes. O motivo não é a falta de pessoas doentes para ocupá-los e
sim a deficiência da estrutura para receber os pacientes. Teto mofado,
condicionadores de ar quebrados, falta de medicamento são alguns dos
problemas do setor. A situação é tão crítica que os médicos se recusam a
receber novos pacientes.
"Deixamos de internar pacientes na UTI
Geral do Walfredo Gurgel porque ela está descaracterizada. A sensação
térmica lá é de deserto. Não se pode internar pacientes em um ambiente
que não se tem certeza do tratamento - porque não há insumos suficientes
- e, consequentemente, da recuperação. Internamos um paciente na
terça-feira (08) à noite em virtude de uma decisão judicial. Internar um
doente nessas condições é uma atitude criminosa", disse o médico
intensivista, Sebastião Paulino.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE
não teve acesso aos leitos de UTI, mas fotos enviadas para a equipe por
um funcionário do hospital mostram que a situação é realmente precária.
Um ventilador foi levado para aliviar o calor que faz no local. Ainda
segundo informações, um fiscal da Vigilância Sanitária foi até o HWG e
verificou que, às 9h da manhã, a temperatura era de 27,3º.
O
leito de isolamento foi bloqueado devido ao calor. Na porta um aviso
explica o motivo: 'calor insuportável sem condições de permanência nesse
leito'. A sala de expurgo - onde são jogados os materiais infectados -
funciona ao lado de um leito. No chão, buracos. "Situação ótima para a
cultura de bactérias, mas bem distante do que deve se ter em um
hospital, principalmente em leitos de UTI", disse um médico que não quis
se identificar.
Ao todo o Walfredo Gurgel possui dez leitos de
UTI Cardiológica, seis de UTI Pedriática, nove de UTI Geral e dez na UTI
Bernadete. "No momento todos os leitos de UTI funcionam com dificuldade
em virtude da falta de insumos hospitalares. Mas a UTI Geral é a que
está em pior situação porque além de não ter os medicamentos, tem o
agravante da falta de refrigeração do ambiente", disse Sebastião
Paulino. Ainda segundo o médico, que quase diariamente denuncia nas
redes sociais, as deficiências da rede pública de saúde, na última
terça-feira não havia lençol suficiente para os pacientes. Foram pedidos
oito, mas enviaram dois. "E se eu tivesse um paciente que necessitasse
de um tratamento prolongado com antibiótico, ele não teria o atendimento
porque não há medicamento suficiente", disse.
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