Pedreiro acha petróleo durante obra em casa em Salvador
Família
de dona Tereza (de óculos) e o pedreiro Edvaldo Silva,de blusa verde,
que achou o petróleo no terreno da moradora.
A casa afortunada está localizada na Rua Getúlio Vargas, no Lobato, bairro onde o primeiro vestígio de petróleo do país foi encontrado, no ano de 1939, justamente a alguns metros da casa de Tereza. "Quando meu irmão chegou aqui, riu e disse que sempre sonhou em ver essa cena porque esperávamos, dede pequenos, encontrar petróleo em algum lugar do bairro", disse Tereza, que residiu no bairro do Lobato há alguns anos e voltou a morar no local há cerca de um ano e meio. Ela e a família são de São Roque do Paraguaçu, localizada na cidade de Maragojipe, no recôncavo baiano.
O bairro do Lobato fica no subúrbio ferroviário e é considerado um bairro pobre, cujas algumas ruas não têm sequer asfalto. A rua em que fica a casa 76 D, inclusive, leva o nome de Getúlio Vargas, presidente que criou a campanha "Petróleo é Nosso" logo após a descoberta da riqueza no Brasil. O bairro é cercado pela Baía de Todos os Santos, uma das maiores do país.
A plataforma usada para a exploração de petróleo da área está desativada desde o fim da década de 1980, segundo informações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Bem perto da extinta área produtiva, foi feita uma praça com quadra de esportes, tem um pequeno galpão abandonado e um monumento que indica o marco histórico do petróleo no país.
petróleo vaza de poço em terreno de imóvel no
Lobato, em Salvador (Foto: Lílian Marques/ G1)
Ao se aproximar do tubo de onde vaza o combustível na casa de Tereza, o
cheiro forte logo acusa a existência do petróleo. A dona de casa conta
que ficou assustada ao ser informada da descoberta do oléo no terreno
que comprou nos fundos da sua casa. Ela afirma que não pensou em
dinheiro, mas nos riscos ao meio ambiente e à segurança da comunidade
humilde em que mora.Lobato, em Salvador (Foto: Lílian Marques/ G1)
"Tive medo de algum acidente, não sabia o risco que estava correndo. Tinha medo de explodir, de algum desastre ambiental, não pensei no meu bem estar, fiquei preocupada com a minha família, com a comunidade. Hoje, penso nas melhorias que isso pode trazer aqui para a comunidade, o Lobato é um bairro rico, mas não é valorizado", declarou.
A iniciativa de Tereza ao saber do petróleo foi ligar para a ANP para receber orientações de como proceder. Após os primeiros técnicos da agência visitarem o local, foi solicitado que a família parasse a obra. Engenheiros da ANP estiveram novamente no terreno na quarta-feira (23) e os trabalhos no local continuam suspensos.
A proprietária explicou que a obra era para ampliar a casa onde mora, que já tem dois andares. “Eu moro aqui embaixo com o meu marido e a minha filha mora no andar de cima com o meu genro. O objetivo da gente é ampliar para fazer um lugar para minha mãe e também para meu outro filho”.
A terra da pequena encosta que ficou no terreno após a escavação para a obra está deslizando um pouco, motivo que deixa a família preocupada. "Nós colocamos uma lona para segurar a terra até que se resolva a situação", disse dona Tereza.
Morador mostra mão melada de petróleo
"É um poço antigo do campo de produção de petróelo que existia no Lobato. Ele foi devolvido à ANP por ser antieconômico e por estar localizado dentro de uma comunidade. Está sendo providenciada a correção do vazamento. Para fins comerciais, não existe nenhuma possibilidade de produção", acrescentou.
A Agência Nacional de Petróleo informou, por meio de nota, que o campo não "apresenta volume de óleo significativo a ser produzido, pois os reservatórios existentes já estão esgotados". A agência reguladora informou ainda que os poços da região, explorados a partir de 1939, foram extintos e "encobertos por aterros de grande extensão". Sobre eles, se desenvolveu a atual comunidade. A ANP explica também que não há possibildades dos poços serem reutilizados e que não se espera obter um volume adicional de óleo naquela região.
Caso o petróleo seja encontrado em um terreno particular e caso seja comprovado que o poço é produtivo, segundo o engenheiro Martinho Sobral, a concessionária interessada na extração da substância deve pagar 1% do que explora para o dono da terra.
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