Operação Máscara Negra
MP constata gastos de R$ 13 milhões com festas
Os vultosos investimentos das Prefeituras Municipais de Guamaré e Macau
em contratações de shows locais e nacionais, estruturas de palco, som e
iluminação consumiram, de 2008 a 2012, aproximadamente R$ 13 milhões. O
inconsequente dispêndio do dinheiro público em festividades gratuitas,
numa espécia de "política de pão e circo elétrico", resultaram numa
investigação sigilosa, instaurada pelo Ministério Público Estadual, que
consumiu dois anos em juntada de provas, depoimentos, quebras de sigilo
fiscal, bancário e telemático que culminou com a deflagração da Operação
Máscara Negra, no início da manhã desta terça-feira, 9. Os desvios de
recursos dos cofres públicos com as fraudes aplicadas, principalmente,
na contratação de artistas locais e nacionais pelos dois municípios,
somam aproximadamente R$ 2,9 milhões.
De
acordo com as investigações do órgão ministerial, através do Grupo de
Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ocorriam
contratações superfaturadas sem o cumprimento da Lei de Licitações e
comprometendo até 90% das receitas recebidas através do repasses dos
royalties em decorrência da exploração de petróleo nas águas e no solo
dos mencionados municípios. Além desta fonte de recursos, as Prefeituras
investigadas empregavam até 70% das verbas do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM), repassados pela União, no pagamento dos cachês de
bandas e demais serviços contratados.
Dos 14 mandados de prisão
expedidos pela Justiça, 12 foram cumpridos. Para a operação foram
utilizadas 53 equipes da Polícia Militar distribuídas em 25 viaturas,
dentre elas as da Companhia do Policiamento Rodoviário Estadual (CPRE).
Dentre os presos, estão atuais e ex-servidores das prefeituras de
Guamaré e Macau, além de empresários potiguares e familiares de
ex-prefeitos das duas cidades. No total, foram cumpridos 53 mandados de
busca e apreensões em imóveis e escritórios dos envolvidos em Natal,
Macau, Mossoró, Caraúbas, Parelhas e Guamaré.
Além do Rio Grande
do Norte, escritórios e empresários do ramo artístico com empresas em
Pernambuco, Ceará, Paraíba, Bahia e São Paulo, também tiveram documentos
apreendidos numa ação conjunta com outros cinco órgãos ministeriais. De
acordo com a coordenadora do Gaeco, promotora Patrícia Antunes Martins,
a maioria dos contratos das bandas que se apresentavam em Guamaré e
Macau eram firmados por pessoas que dispunham de declarações temporárias
de representação das bandas ou cantores, o que infringe a Lei de
Licitação. "A contratação direta só pode ser feita com o próprio artista
ou com o representante legal, que não porte uma declaração que o
outorgue poderes sobre aquele artista por uma data específica",
esclareceu a promotora.
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