A Igreja do Brasil está atenta à triste realidade do tráfico humano, tanto que a Campanha da Fraternidade de 2014 terá como tema “Fraternidade e Tráfico de Pessoas” e lema “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo metropolitano de Natal confirmou que este ano a Campanha da Fraternidade será lançada, em Natal, no dia 9 de março, às 9 horas, na paróquia do Beato Ambrósio Francisco Ferro, no bairro do Planalto, onde ocorreram vários casos de raptos na década de 1990.
Dom Jaime fala sobre campanha da fraternidade, a ser lançada dia 9 de março, às 9h, na paróquia do Planalto
Ontem, no mesmo dia em que o Papa Francisco completou 77 anos, Dom Jaime Vieira Rocha se reuniu com a imprensa em um café da manhã e fez sua avaliação do ano de 2013 para a Igreja Católica e falou das perspectivas para 2014. Após o café e uma entrevista coletiva, o arcebispo falou à TRIBUNA DO NORTE sobre mudanças na Igreja católica, situação de seca e crescimento do tráfico de drogas no Rio Grande do Norte.
Para Dom Jaime, o novo Papa realiza uma das maiores reformas da história da Igreja, uma verdadeira “revolução” que faz a instituição redescobrir suas origens com a maior aproximação perante os fiéis, mas que também causa desconforto entre os mais conservadores. “O Papa está fazendo uma revolução no que diz respeito a uma volta às origens: uma Igreja mais evangélica, próxima de Nosso Senhor, mais despojada e livre de tudo aquilo que possa ser amarras que impeçam a sua maior presença na vida das pessoas”. Sobre a seca, Dom jaime disse que os governantes precisam de mais atitude para assistir à população que sofre a estiagem na pele, no interior. Já na capital e em outras grandes cidades, o problema é o negócio milionário do tráfico de drogas, que segundo o bispo, destrói famílias inteiras e tira a vida de diversos jovens.
Qual a expectativa para o ano de 2014?
Teremos o próximo ano um ano bastante atípico com Copa do Mundo e eleições e como Igreja estamos voltados para o tema da Campanha da Fraternidade, que é altamente desafiador e pertinente, é o tráfico humano, um problema sério que precisa ser enfrentado; temos na Igreja a alegria de proclamar uma campanha importante para que as pessoas possam ter um referencial e uma fonte de consulta para o alimento de sua fé nos grupos que já existem e vamos acrescentar a ‘Campanha do Catecismo em cada Lar’; e também tem os encontros regionais com a juventude, a prioridade da Arquidiocese, que são encontros nas cidades do interior onde levaremos a esses jovens uma palavra e uma presença.
Em relação ao crescimento do tráfico de drogas, jovens perdendo a vida, como o senhor acha que a Igreja pode ajudar a enfrentar esse comércio?
Com as Fazendas da Esperança, as casas de acolhimento, as ações em diversas comunidades que se voltam para essa realidade, a Igreja vem tentando fazer algo para não ficarmos de braços cruzados diante desse problema, tentando reverter um pouco a situação pessoal de jovens que já são dependentes e causam tristeza e sofrimento às suas famílias. Eu vejo a necessidade de pensarmos de modo mais amplo, em ações preventivas. Como seria importante que cada conselho comunitário de bairro levasse a cabo o compromisso de levar a jovens espaços para o lazer, para uma assistência educacional e física, como esses equipamentos de ginástica vistos em praças.
Qual sua avaliação sobre o crescimento desse comércio ilícito?
O tráfico de drogas é um grande negócio e devemos encará-lo com muita força. Porém vejo que há uma hipocrisia muito grande de toda a sociedade quando ninguém tem coragem de enfrentar o problema que está aí e usa os jovens como mercadoria fácil para aumentar o lucro. Vivemos sob uma ditadura do tráfico e é preciso que tenhamos alternativas. Não adianta a repressão da polícia porque há outros meios. É preciso que apresentemos aos jovens algo que os motive para o sentido de sua vida e existência com mais alegria e esperança. Assim como eu digo que o pai que leva o filho para a igreja não vai busca-lo na delegacia depois, a comunidade que investir na juventude terá uma vitória certa na batalha contra o tráfico. Mas é preciso a sociedade como um todo se despertar, e a Igreja está aberta.
O que o senhor acha da ação diante da forte seca que atinge o sertão nordestino? Como a Igreja pode amparar a população atingida?
Vemos uma situação de calamidade com a pequena ajuda que o governo tem oferecido à população. É necessário haver mais empenho por parte das autoridades para garantir o direito básico da água a essas famílias, mas é preciso observar que os carros-pipa hoje são muitas vezes usados como moeda de voto e por isso acredito que deveria haver uma maior controle quanto a isso. Nos reunimos diversas vezes com o governo para discutir os assuntos relacionados aos efeitos da seca e visitamos comunidades afetadas.
O que o senhor acha dessa reforma do Papa Francisco que é considerada uma das mais revolucionárias da história?
Ele está preocupado com a Família, com a questão do matrimônio, preocupado em fazer as pessoas mais imbuídas do espírito de humildade com ninguém se sentindo melhor que o outro. Para ele, a eucaristia não é um clube de pessoas escolhidas, mas sim serve para consolar e preencher o vazio humano de solidariedade e amor. O Papa Francisco então vai por esse caminho que até choca alguns. Mas devemos agradecer a Deus por esse momento vivido pela Igreja.
O senhor acha que esse é o momento de a Igreja se abrir a diversos tabus, como homossexualismo, divórcio, aborto ou pesquisas científicas?
O Papa Francisco tem deixado claro que não faz nenhuma restrição de assuntos da atualidade. Ele está muito atento aos temas mais diversos da sociedade atual e tem interesse em refletir. É muito visível, marcante e admirável na pessoa do Papa essa transparência e liberdade que ele se coloca diante desses temas que estão aí. E não devemos ter medo de dialogar, devemos encara-los com realismo dentro de um novo contexto que vivemos hoje.
Dom Jaime fala sobre campanha da fraternidade, a ser lançada dia 9 de março, às 9h, na paróquia do Planalto
Ontem, no mesmo dia em que o Papa Francisco completou 77 anos, Dom Jaime Vieira Rocha se reuniu com a imprensa em um café da manhã e fez sua avaliação do ano de 2013 para a Igreja Católica e falou das perspectivas para 2014. Após o café e uma entrevista coletiva, o arcebispo falou à TRIBUNA DO NORTE sobre mudanças na Igreja católica, situação de seca e crescimento do tráfico de drogas no Rio Grande do Norte.
Para Dom Jaime, o novo Papa realiza uma das maiores reformas da história da Igreja, uma verdadeira “revolução” que faz a instituição redescobrir suas origens com a maior aproximação perante os fiéis, mas que também causa desconforto entre os mais conservadores. “O Papa está fazendo uma revolução no que diz respeito a uma volta às origens: uma Igreja mais evangélica, próxima de Nosso Senhor, mais despojada e livre de tudo aquilo que possa ser amarras que impeçam a sua maior presença na vida das pessoas”. Sobre a seca, Dom jaime disse que os governantes precisam de mais atitude para assistir à população que sofre a estiagem na pele, no interior. Já na capital e em outras grandes cidades, o problema é o negócio milionário do tráfico de drogas, que segundo o bispo, destrói famílias inteiras e tira a vida de diversos jovens.
Qual a expectativa para o ano de 2014?
Teremos o próximo ano um ano bastante atípico com Copa do Mundo e eleições e como Igreja estamos voltados para o tema da Campanha da Fraternidade, que é altamente desafiador e pertinente, é o tráfico humano, um problema sério que precisa ser enfrentado; temos na Igreja a alegria de proclamar uma campanha importante para que as pessoas possam ter um referencial e uma fonte de consulta para o alimento de sua fé nos grupos que já existem e vamos acrescentar a ‘Campanha do Catecismo em cada Lar’; e também tem os encontros regionais com a juventude, a prioridade da Arquidiocese, que são encontros nas cidades do interior onde levaremos a esses jovens uma palavra e uma presença.
Em relação ao crescimento do tráfico de drogas, jovens perdendo a vida, como o senhor acha que a Igreja pode ajudar a enfrentar esse comércio?
Com as Fazendas da Esperança, as casas de acolhimento, as ações em diversas comunidades que se voltam para essa realidade, a Igreja vem tentando fazer algo para não ficarmos de braços cruzados diante desse problema, tentando reverter um pouco a situação pessoal de jovens que já são dependentes e causam tristeza e sofrimento às suas famílias. Eu vejo a necessidade de pensarmos de modo mais amplo, em ações preventivas. Como seria importante que cada conselho comunitário de bairro levasse a cabo o compromisso de levar a jovens espaços para o lazer, para uma assistência educacional e física, como esses equipamentos de ginástica vistos em praças.
Qual sua avaliação sobre o crescimento desse comércio ilícito?
O tráfico de drogas é um grande negócio e devemos encará-lo com muita força. Porém vejo que há uma hipocrisia muito grande de toda a sociedade quando ninguém tem coragem de enfrentar o problema que está aí e usa os jovens como mercadoria fácil para aumentar o lucro. Vivemos sob uma ditadura do tráfico e é preciso que tenhamos alternativas. Não adianta a repressão da polícia porque há outros meios. É preciso que apresentemos aos jovens algo que os motive para o sentido de sua vida e existência com mais alegria e esperança. Assim como eu digo que o pai que leva o filho para a igreja não vai busca-lo na delegacia depois, a comunidade que investir na juventude terá uma vitória certa na batalha contra o tráfico. Mas é preciso a sociedade como um todo se despertar, e a Igreja está aberta.
O que o senhor acha da ação diante da forte seca que atinge o sertão nordestino? Como a Igreja pode amparar a população atingida?
Vemos uma situação de calamidade com a pequena ajuda que o governo tem oferecido à população. É necessário haver mais empenho por parte das autoridades para garantir o direito básico da água a essas famílias, mas é preciso observar que os carros-pipa hoje são muitas vezes usados como moeda de voto e por isso acredito que deveria haver uma maior controle quanto a isso. Nos reunimos diversas vezes com o governo para discutir os assuntos relacionados aos efeitos da seca e visitamos comunidades afetadas.
O que o senhor acha dessa reforma do Papa Francisco que é considerada uma das mais revolucionárias da história?
Ele está preocupado com a Família, com a questão do matrimônio, preocupado em fazer as pessoas mais imbuídas do espírito de humildade com ninguém se sentindo melhor que o outro. Para ele, a eucaristia não é um clube de pessoas escolhidas, mas sim serve para consolar e preencher o vazio humano de solidariedade e amor. O Papa Francisco então vai por esse caminho que até choca alguns. Mas devemos agradecer a Deus por esse momento vivido pela Igreja.
O senhor acha que esse é o momento de a Igreja se abrir a diversos tabus, como homossexualismo, divórcio, aborto ou pesquisas científicas?
O Papa Francisco tem deixado claro que não faz nenhuma restrição de assuntos da atualidade. Ele está muito atento aos temas mais diversos da sociedade atual e tem interesse em refletir. É muito visível, marcante e admirável na pessoa do Papa essa transparência e liberdade que ele se coloca diante desses temas que estão aí. E não devemos ter medo de dialogar, devemos encara-los com realismo dentro de um novo contexto que vivemos hoje.
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