Moradores da área da obra Pró Transporte estão incerto com pagamento de indenizações
Inaci Maria Leocádia, 85 anos, se aproxima da janela lateral do quarto de dormir e observa os veículos passarem. A vista alcança a ponte Newton Navarro a partir de um pedaço agora revelado da Redinha, onde suas duas casas agora se espremem ilhadas ao lado de máquinas que cavam a estrada para a obra Pró Transporte.
Ela e sua família de nove membros estão entre os moradores da Zona Norte que deverão ser desapropriados até o final do ano pelo Governo do Estado. As residências darão lugar a estradas asfaltadas e duplicadas nas avenidas Conselheiro Tristão e Moema Tinôco.
Segundo a Secretaria Estadual de Infraestrutura, o Governo do Estado dispõe de R$ 12 milhões para desapropriar 450 casas que estão na área da obra. Um total de R$ 8 milhões já foram encaminhados à Procuradoria Geral do Estado para o pagamento do montante das desapropriações ainda neste ano. Os outros R$ 4 milhões seriam pagos pela próxima administração.
A situação das duas casas de dona Inaci, localizadas ao lado da rótula da estrada da Redinha, é emblemática para ilustrar o nível de incerteza dos moradores. “ Nós não sabemos o que vamos fazer. Eles nos ofereceram R$ 36 mil pelas duas casas ou apartamentos em Pajuçara que não queremos. Queremos algo no valor real das nossas casas e permanecer aqui na Redinha”, diz a filha Marlúcia Isabel.
Há cerca de 50 anos as casas de Inaci foram construídas pelo marido Severino Isabel, já falecido, graças a um acerto verbal como pagamento de uma dívida trabalhista junto a salineira na qual trabalhava. “Mas nunca nos deram nenhum papel”, afirma a moradora.
“Eles estão morando em uma área que pertence a União, onde não se pode construir qualquer tipo de edificação. O estado requisitou o terreno para a obra e estamos estudando a situação deles inclusive com a possibilidade de incluí-los no programa Minha Casa, Minha Vida”, informa a secretária de Infraestrutura Kátia Pìnto.
Segundo a secretaria já existem recursos para a construção de 70 casas. “A grande dificuldade é encontrarmos terrenos com escrituras legais”, complementa a secretária.
Até a solução do problema, dona Inaci, filhos e netos contemplam o horizonte sob o barulho ameaçador das máquinas sem saberem ainda para onde irão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário