Escritor paraibano, radicado em Pernambuco, não resistiu a complicações de um AVC hemorrágico.
A cultura brasileira perdeu mais um mestre. Morreu no Recife, nesta quarta-feira (23), o escritor, dramaturgo e poeta paraibano Ariano Suassuna, aos 87 anos. Ele estava internado desde a noite de segunda (21) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português, onde foi submetido a uma cirurgia após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) do tipo hemorrágico.
Suassuna deixa seis filhos e 15 netos. Além de um legado imensurável para a cultura brasileira já que era um dos maiores dramaturgos do país, além de autor de romances e poemas. Uma de suas principais obras foi o “Auto da Compadecida”, que ganhou adaptações na TV e no cinema.
O velório deve ser realizado no Palácio do Campo das Princesas. De lá, o corpo segue em cortejo em carro do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Morada da Paz, onde será enterrado.
Ariano Suassuna iria participar do Festival Literário de Pipa que acontece em agosto, na Praia da Pipa. Ele encerraria o evento falando sobre o “O Romance no contexto do Nordeste Brasileiro”.
Vida
Ariano Vilar Suassuna nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, na Paraíba, em 16 de junho de 1927, filho de Cássia Villar e João Suassuna. Após a Revolução de 1930, seu pai foi assassinado no Rio de Janeiro e a família mudou-se para Taperoá, no Sertão da Paraíba, onde morou até 1937.
O escritor de Romance d'A pedra do reino só veio ao Recife em 1942, para dar continuidade aos estudos e, posteriormente, ingressar na Faculdade de Direito. Depois de exercer a profissão de advogado por alguns anos, abandonou o ofício para ensinar estética na Universidade Federal de Pernambuco.
Depois de 38 anos, Ariano se aposentou e se dedicou a ministrar aulas-espetáculo, formato em que ele aproveitava para contar histórias, defender a cultura popular, fazer críticas e elogios. Com as apresentações, percorreu teatros, escolas, congressos e centros culturais do país inteiro, às vezes acompanhado de uma trupe de músicos e dançarinos, outras vezes sozinho.
Foi membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970 o "Movimento Armorial", interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais.
Ariano foi secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998), membro da Academia Paraibana de Letras (APL/PB), Academia Pernambucana de Letras (APL/PE) e da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em 2004, com o apoio da ABL, a Trinca Filmes produziu o documentário O Sertão: Mundo de Ariano Suassuna, dirigido por Douglas Machado. Era torcedor fanático do Sport Clube do Recife.
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