O Bradesco anunciou ontem a compra do HSBC no Brasil por R$ 17,6 bilhões e garantiu que os clientes do banco comprado continuarão sendo atendidos da “forma habitual”.
Com a aquisição, o Bradesco assumirá todas as operações do HSBC no Brasil, incluindo o banco de varejo, seguros e administração de ativos, bem como todas as agências e clientes.
O HSBC conta com 5 milhões de correntistas no país: De acordo com o Bradesco, eles continuarão sendo atendidos da “forma habitual” |
A conclusão da operação depende, no entanto, de aprovações regulatórias.
O HSBC informou, em relatório, que espera que a venda da sua unidade brasileira esteja concluída até o segundo trimestre de 2016, quando será feito o pagamento do negócio. Também reafirmou que vai manter uma presença modesta no País com um banco de atacado para atender os clientes internacionais.
Em junho o banco anunciou que venderia a filial de varejo no Brasil. O Bradesco foi tido como favorito a adquiri-lo desde o início das conversas. Trata-se de uma das últimas oportunidades de aquisição do varejo bancário no País. Para o Bradesco, a operação significa encostar em ativos no seu principal concorrente, o Itaú, que encerrou março com R$ 1,295 trilhão em ativos, reduzindo a distância erguida desde a fusão com o Unibanco.
Crescimento
Em teleconferência com jornalistas, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco,disse que a aquisição do HSBC “significa um atalho para o crescimento”. “Sempre tivemos posicionamento do crescimento orgânico por meio de nossa rede própria. E sempre estivemos atentos às possibilidades que poderiam surgir do mercado. Essa proposta [de aquisição do HSBC] representou um ativo único. Ela significa um atalho para o crescimento. Portanto, o [crescimento] orgânico é prioridade, mas aquisições nunca foram desprezadas”, explicou
Por meio de fato relevante, assinado por Luiz Carlos Angelotti, diretor executivo gerente e de relações com investidores do banco, a instituição acrescentou que a aquisição possibilitará ganho de escala e otimização de plataformas, com aumento da cobertura nacional, consolidando a liderança em número de agências em vários estados, além de reforçar sua presença no segmento de alta renda.
Os ativos do Bradesco crescem 16% com a operação, para R$ 1,192 trilhão. A carteira de crédito aumenta 14%, chegando a R$ 517,8 bilhões. O patrimônio líquido chegará a R$ 9,460 bilhões, expansão de 16%. Já os depósitos totais crescem 29%, para R$ 273,4 bilhões.
Os recursos captados e administrados do Bradesco avançam 19%, para R$ 1,690 trilhão. O HSBC, presente em 529 municípios brasileiros, conta com 5 milhões de correntistas, 851 Agências e 464 Postos de Atendimento. O Bradesco, ao incorporá-lo, alcança a marca de 31,5 milhões de clientes e 9.460 pontos de atendimento.
Em nota, o Banco Central (BC) disse que analisará a viabilidade da operação e o impacto sobre a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e sobre a concorrência. Uma vez que o contrato é fechado, as partes o submetem à análise do BC com vistas à aprovação da operação, condição imprescindível para que o negócio seja concluído.
Para o professor de macroeconomia do Ibmec-RJ, Alexandre Espírito Santo, no futuro a união dos bancos vai melhorar a produtividade e, com isso, a instituição poderá oferecer serviços mais baratos. “Mas só o tempo dirá se isso realmente ocorrerá”, disse e acrescentou, apontando uma desvantagem da operação: “O mercado bancário brasileiro já era muito concentrado mesmo antes da compra do HSBC pelo Bradesco. A concorrência sempre traz vantagens para os consumidores. O mercado muito concentrado não é bom para o consumidor. Temos um banco a menos, que não era muito grande, mas também não era insignificante”.
SAIBA MAIS
A pequena abertura do Brasil ao comércio internacional e a falta de escala no mercado brasileiro explicam a decisão do HSBC de vender sua operação brasileira, anunciada em junho.
1. O que vai acontecer com quem tem conta no HSBC?
O HSBC não está fechando suas portas no Brasil. O banco está sendo vendido. Logo, todo o dinheiro aplicado na instituição permanecerá intacto e as contas correntes também, livres para serem movimentados quando e se o cliente quiser. Quando o processo de venda do banco for concluído, as contas do cliente passarão automaticamente aos cuidados da nova instituição.
2.Posso perder alguma coisa com o novo banco?
Se já for cliente dos dois bancos, o que pode acontecer é perder um dos limites de crédito. Já quanto ao dinheiro aplicado, permanecerá à disposição. Mas todo o processo leva algum tempo para ser concluído. Em alguns casos, pode levar anos. Isso porque, depois de fechado, o negócio ainda precisa de autorização do Banco Central.
3.E se eu não gostar do novo banco?
Poderá transferir seu dinheiro para o banco que desejar.