Polícia prende tabeliã e apreende arma e dinheiro

A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual prenderam ontem a tabeliã interina do 1º Ofício de Notas de São Gonçalo do Amarante sob acusação de supostas fraudes. Na casa da servidora, chamou atenção da polícia a posse de R$ 59.150 em espécie, documentos do cartório e uma arma calibre 38 que pertencia ao marido dela. Ambos foram presos e todos os itens apreendidos.

Na casa da servidora, a polícia apreendeu R$ 59 mil, documentos do cartório e uma arma calibre 38

“Livro de Registro Diário Auxiliar de Receita e Despesa e dinheiro são um indício forte de caixa dois, porque ninguém guarda R$ 59 mil em casa”, disse Raimundo Rolim, delegado titular de São Gonçalo do Amarante. A interina assumiu em dezembro de 2014 e há quase dois meses se afastou do cartório, segundo a defesa, depois de uma depressão.

A tabeliã também pediu renúncia do cargo. Conforme o delegado, ela não deveria estar em posse dos documentos encontrados em sua casa.  “Esses livros já deveriam ter sido repassados para o Poder Judiciário que fez o inventário e transferência para o novo titular do cartório, o novo tabelião”, acrescentou Rolim. Esse mesmo inventário, realizado depois da renúncia da  interina, constatou a falta de outros documentos no cartório.


“Foi detectada a ausência de mais de 2 mil fichas de registro de imóveis e vários outros documentos”, contou o delegado. Segundo o Rolim, o novo titular do cartório, aprovado em concurso, pediu maior prazo para assumir o cartório porque era juiz na Paraíba. 

Encontrados na casa da tabeliã, os “Registros Diários Auxiliar de Receita e da Despesa” correspondem aos períodos de 2014 e 2015. A mulher foi autuada em flagrante pelo crime inafiançável de supressão de documentos. À noite, ela foi conduzida para o presídio provisório feminino da zona Norte de Natal. O marido dela foi preso pela posse e receptação ilegal da arma, mas pagou uma fiança de R$ 1 mil e foi liberado. Além disso, a polícia apreendeu celulares, um tablet, computadores portáteis e outros documentos do cartório que estavam na casa da interina. 

Defesa
De acordo com o advogado da tabeliã José Alexandre Sobrinho, a renúncia ao cargo ocorreu porque sua cliente não se sente preparada para lidar com as responsabilidades do cargo. “Foi feita a nomeação dela e depois ela percebeu que tinha muita pressão. Ela não tinha como dar conta do trabalho, porque não tinha qualificação para isso. Precisa de pessoas que tenham conhecimento em toda a legislação de registro público”, disse o defensor.

A mulher presa ontem estudou até o ensino médio e trabalhava, na gestão anterior, como escriturária no cartório, uma função meramente administrativa segundo José Sobrinho. A não aceitação do primeiro pedido de renúncia da sua cliente pela justiça gerou um problema de saúde conforme o advogado. “Ela está com depressão, tomando remédios controlados por conta dessa pressão toda para ela se manter, até porque ninguém abriria mão de um salário de R$ 30 mil se tivesse condições de continuar no cartório”, argumentou. 

De acordo com Sobrinho, os R$ 59 mil eram resultado de salários como tabeliã. Sobre os livros de receita e despesa, o advogado informou que haviam sido devolvidos pelo contador pessoalmente a interina. “Ela ia fazer essa entrega, mas está de atestado médico”, justificou.

Operação Hermes
Investiga esquema de fraudes

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Duas pessoas presas em flagrante
Cinco mandados de busca e apreensão
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