Bicampeã mundial (1978 e 1986), a seleção alviceleste empatou por 0 a 0 nesta quinta (5), no lotado estádio La Bombonera, em Buenos Aires, e saiu da zona de classificação para a Copa do Mundo da Rússia.
Fonte: Folha de São Paulo
Resta apenas uma rodada para a definição dos classificados, de
quem vai para a repescagem e dos eliminados. E a situação dos argentinos é
periclitante. Menos pelo que precisa fazer, mais pelo que tem mostrado capaz de
fazer.
Em uma fase de seca ofensiva (só dois gols marcados nos últimos
cinco jogos pelas eliminatórias), Messi e companhia ocupam a sexta posição de
um total de dez.
A América
do Sul oferece quatro vagas diretas para o Mundial de 2018. O quinto colocado disputa uma
repescagem, em jogos de ida e volta, contra o campeão do qualificatório da
Oceania (Nova Zelândia).
O Brasil
de Tite e Neymar, que empatou com a Bolívia também sem gols, em La Paz,
já está garantido – e como campeão destas eliminatórias. Soma 38 pontos.
A seguir vêm Uruguai (28), Chile e Colômbia (ambos 26), Peru e
Argentina (ambos 25) e Paraguai (24). Todos com chance.
Chilenos e colombianos têm o mesmo saldo de gols (+2), e os primeiros
ficam à frente pelo maior número de gols marcados (26 contra 20). Isso se
repete com peruanos e argentinos: saldo de gols igual (+1), mais gols feitos
pelo Peru (26 a 16). Equador, Bolívia e Venezuela estão eliminados.
Na rodada derradeira, com todos os jogos na terça (10) às 20h30
(horário de Brasília), os confrontos são: Equador x Argentina (em Quito),
Brasil x Chile (em São Paulo), Uruguai x Bolívia (em Montevidéu), Peru x
Colômbia (em Lima) e Paraguai x Venezuela (em Assunção).
Como o saldo de gols dos uruguaios é excelente (+10), dou como
certa uma vaga para eles, mesmo se houver uma improvável derrota para os
bolivianos no estádio Centenario. Restam assim duas vagas, mais a da
repescagem.
Nesse
panorama, eis os cenários possíveis para a equipe do treinador Jorge Sampaoli, partindo do resultado de Equador x
Argentina:
Argentina perde – Permanece com 25 pontos e está fora do Mundial.
Pela
primeira vez desde 1970 o país não irá a uma Copa do Mundo. Haverá um choro
histórico dos hermanos, e é provável que Messi dê um novo adeus (desta vez definitivo) à seleção.
Argentina empata – Chega a 26 pontos e mantém o saldo de gols igual (+1).
Obtém vaga direta para a Copa se ocorrerem juntos estes
resultados: o Paraguai não vencer a Venezuela; o Brasil ganhar por dois ou mais
gols de diferença do Chile; e a Colômbia vencer ou empatar com o Peru (ou o
Peru ganhar por ao menos dois gols de vantagem da Colômbia).
Estará eliminada se pelos menos dois desses resultados
acontecerem: o Paraguai vencer; Peru e Colômbia empatarem (ou o Peru ganhar por
somente um gol de vantagem); o Chile pelo menos empatar com o Brasil (ou perder
de diferença de um só gol).
Outras combinações levam os argentinos à repescagem.
Argentina vence – Vai a 28 pontos e se garante pelo menos na repescagem.
Classifica-se direto se no mínimo uma destas opções ocorrerem: o
Chile não ganhar do Brasil; Peru x Colômbia acabar empatado; o Peru derrotar a
Colômbia por diferença de gols menor do que a do triunfo da Argentina sobre o
Equador.
Expostos os cenários, é uma matemática cruel para uma seleção com
a tradição e a camisa que tem a Argentina. Até a viagem a Quito, onde de
quebra enfrentará a questão da altitude, serão dias de muita angústia e tensão.
Sua grande vantagem é o Equador jogar desinteressado, já que a
derrota para o Chile (2 a 1) em Santiago tirou-lhe do páreo. Caso os
equatorianos jogassem pela classificação, o estádio Olímpico seria uma
caldeira.
Porém, quando a fase é ruim, até um oponente desmotivado pode se
tornar um fantasma.
Não tenho simpatia pela seleção argentina (devido à extrema
rivalidade com a seleção brasileira), apesar de admirar intensamente o futebol
de Messi, e admito que vibrarei se ela for eliminada – o que acho que não
acontecerá.
Seria, todavia, uma satisfação efêmera.
Logo a ficha cairia e haveria a inevitável conclusão: a Copa do
Mundo sem a Argentina é menos Copa do Mundo.
Não terá a mesma graça nem o mesmo glamour.
Em tempo: Entre as hipotéticas
possibilidades existentes, há a seguinte, nada impossível. Os jogos se
aproximam do final, e a Argentina está empatando com o Equador, a Colômbia
ganhando do Peru, o Paraguai vencendo a Venezuela e o Brasil superando o Chile por
só um gol de vantagem. Nessa situação, o Brasil marcar mais uma vez é a
diferença entre colocar a Argentina na repescagem (e tirar o Chile) ou não.
Qual seria a reação dos torcedores brasileiros no Allianz Parque, o estádio do
Palmeiras? E dos que veem a partida em casa, pela TV? O que satisfaz mais,
comemorar outro gol de uma seleção que não precisa dele para nada ou ver o
arquirrival (e única equipe a superar até
agora o Brasil de Tite, mesmo que em um amistoso) fora do Mundial? Para
reflexão.
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