Vencedora pela primeira vez para um cargo executivo, Fátima Bezerra interrompe na metade seu mandato no Senado Federal, conquistado há quatro anos, ela é a terceira mulher a governar Estado
Eleita disse que relacionamento com Bolsonaro será de “respeito mútuo” |
A senadora Fátima Bezerra (PT) será a próxima governadora do Rio
Grande do Norte. Eleita com mais de 1 milhão de votos neste domingo, a
petista será a única mulher a governar um estado do Brasil a partir de
2019. Ela será, ainda, uma entre os quatro governadores do PT – que
elegeu correligionários na Bahia (Rui Costa), no Ceará (Camilo Santana) e
no Piauí (Wellington Dias).
Vencedora pela primeira vez de um
pleito para cargo executivo, Fátima interrompe na metade seu mandato no
Senado Federal, conquistado há quatro anos. Com sua renúncia, que deve
acontecer em dezembro, o primeiro suplente Jean-Paul Prates (PT)
assumirá definitivamente a vaga no legislativo. A governadora eleita vai
suceder Robinson Faria (PSD), que concorreu à reeleição, mas ficou em
terceiro lugar.
Com 100% das urnas apuradas, Fátima Bezerra
totalizou 57,6% dos votos válidos (1.022.910), contra 42,4% de Carlos
Eduardo Alves (753.035). Entre os eleitores que compareceram, 1,75%
votou em branco (34.072) e 6,81% foram de votos nulos (132.179). A
abstenção foi de 18,14% do eleitorado.
Com 63 anos de idade e
natural de Nova Palmeira, na Paraíba, Fátima Bezerra é pedagoga e
professora. Ligada ao movimento sindical e filiada ao PT desde 1981,
Fátima foi duas vezes deputada estadual e outras três, deputada federal.
Durante seus mandatos, se destacou pela defesa de projetos na educação.
Atualmente, cumpre seu primeiro mandato como senadora.
A eleição
de Fátima Bezerra torna o Rio Grande do Norte o estado do País que mais
elegeu mulheres como governadoras em sua história. Antes de Fátima
Bezerra, foram eleitas Wilma de Faria (em 2002 e 2006) e Rosalba
Ciarlini, hoje prefeita de Mossoró, em 2010.
Entre as principais
propostas da governadora eleita, está a recuperação do Plano Estadual de
Educação, criação de escolas em tempo integral e expansão do ensino
profissionalizante (educação); a criação de uma rede de policlínicas
para consultas com especialistas e a reformulação dos hospitais
regionais (saúde); e a realização de concursos públicos, a instalação de
câmeras de videomonitoramento e a instituição de seguro de vida para
policiais militares (segurança).
“O Rio Grande do Norte terá a
primeira governadora de origem popular”, disse a senadora Fátima Bezerra
em sua primeira entrevista como chefe do Poder Executivo do Estado a
partir de 2019. Feliz, ela destacou que chega para governar com força
política, ciente de uma série de desafios que vai enfrentar, como, por
exemplo, colocar a folha de pagamento dos servidores em dia, resolver o
problema da falta de segurança e gerar empregos.
Esses são três
problemas elencados por Fátima Bezerra após ser anunciada governadora.
Questionada se teme uma situação difícil com o presidente eleito, Jair
Bolsonaro, antipetista declarado, Fátima explicou que as principais
transferências de recursos federais – como o Fundo de Participação dos
Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM) – são
constitucionais e não dependem da vontade do presidente.
Para ela,
a relação com o presidente Bolsonaro será de respeito mútuo. “Por isso,
o povo do Rio Grande do Norte não tem o que temer. Respeito o
presidente eleito e tenho certeza que ele me respeitará. Tanto ele,
quanto eu, fomos eleitos, e esta questão tem que ser levada em
consideração”, destacou Fátima Bezerra, que inclusive já recebeu o apoio
de Styvenson Valentim (Rede Sustentabilidade), eleito senador. “Ele me
ligou e disse que estará comigo na luta por um Rio Grande do Norte
melhor. Nosso estado está bem representado em Brasília e aqui
conseguimos apoios políticos importantes que farão a diferença”,
acrescentou.
Carlos Eduardo deseja “êxito” à vencedora
Candidato
derrotado, Carlos Eduardo Alves emitiu uma nota à imprensa assim que
Fátima se tornou matematicamente eleita. No texto, o ex-prefeito de
Natal agradeceu aos eleitores pela votação obtida e resumiu sua campanha
como “limpa e propositiva”.
“Quero expressar profunda gratidão
aos norte-rio-grandenses que confiaram em nossas propostas, nossas
ideias, na nossa capacidade administrativa e deram o seu voto ao 12, na
confiança de que, das urnas, nasceria um Rio Grande do Norte pautado
pela ética, a gestão eficiente e a tolerância zero com a corrupção”,
frisou o candidato do PDT.
O segundo colocado na disputa pelo
Governo do Estado disse também que o Rio Grande do Norte “chegou ao
fundo do poço” nos últimos quatro anos e justificou que decidiu
renunciar à Prefeitura do Natal porque quis propor uma mudança na gestão
estadual.
Carlos Eduardo agradeceu também ao seu partido, o PDT, e
os ao ele coligados: DEM, MDB, Podemos e Progressistas. “E, no segundo
turno, à relevante presença do PSL”, do presidente eleito Jair
Bolsonaro.
“Cabe-me exercer a missão delegada pelo povo do meu
Estado. Irei cumpri-la. À minha adversária, sinceros votos de êxito. Na
minha vida pública, aprendi a ganhar e a perder. Desistir, nunca!
Jamais!”, finalizou.
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