Em uma escalada de ofertas pela compra da Netshoes, a Centauro enviou ao conselho da empresa de ecommerce, na noite desta terça-feira (28), uma nova proposta de US$ 3,50 por ação para adquirir a companhia, chegando a uma oferta total de US$ 109 milhões.
O valor oferecido agora pela Centauro é 75% superior à primeira proposta do Magazine Luiza, do fim de abril, de US$ 2 por ação (ou cerca de US$ 62 milhões).
No domingo (26), o Magazine elevara sua oferta para US$ 3 por ação, depois que a própria Centauro decidiu entrar na disputa pela Netshoes propondo US$ 2,80.
A carta desta terça, obtida pela Folha, é assinada pelo presidente da Centauro, Pedro Zemel. Nela, o executivo tenta afastar receios que acionistas do ecommerce possam ter a respeito da viabilidade do negócio.
Nos últimos dias, circulou no mercado uma carta enviada ao conselho da Netshoes pelo presidente do Magazine, Frederico Trajano, sinalizando que a primeira proposta da Centauro levaria mais tempo para passar pelo regulador, porque ela atua no mesmo segmento da Netshoes, o que sugere concentração.
Os acionistas da Netshoes se reúnem em assembleia nesta quinta-feira (30), em meio à recomendação do conselho de administração do ecommerce para que seja aprovada a última oferta do Magazine.
Mencionando especialistas, Zemel diz na carta que a ideia de que a combinação de Centauro e Netshoes representa risco para concorrência é um contrassenso à própria argumentação que o Magazine teria apresentado para as autoridades regulatórias na busca de aprovação de sua oferta. Na semana passada, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deu aval para a aquisição, conforme antecipou a coluna Painel S.A.
Zemel diz ainda que o Magazine Luiza já atua no setor da Netshoes. “Basta uma rápida pesquisa no website de nossa concorrente para identificar a disponibilidade de 99.618 skus [tipos de produtos] no segmento varejista ‘Esporte e Lazer’, representando mais skus do que temos em todo nosso website.”
A reação da Centauro é tratada internamente como uma estratégia de sobrevivência, na tentativa de evitar que o Magazine Luiza se transforme na Amazon brasileira e esmague o varejo especializado de itens esportivos, como fez a gigante americana com livros e brinquedos nos Estados Unidos.
Especialistas avaliam que, com sua base de clientes, a varejista de eletrônicos tem mais poder de dominar o mercado de roupas e artigos esportivos no futuro do que a própria Centauro, que já atua neste mercado.
Zemel afirma que a Centauro está confiante do mérito da transação e da agilidade de aprovação sumária (para casos mais simples) pelo Cade.
Caso seja necessário uma tramitação mais longa, reconhecendo a situação delicada da Netshoes, a Centauro se dispõe a dividir seu estoque com o ecommerce.
“Estimamos um valor superior a R$ 300 milhões de mercadoria que poderíamos disponibilizar para venda imediata que, na avaliação de nosso time de ecommerce, poderia ser implementado em menos de quatro semanas.”
A Netshoes abriu capital há dois anos, mas desde então vinha sendo penalizada por investidores por seu endividamento elevado e crescimento do prejuízo.
Desde que o Magazine Luiza fez a primeira proposta, as ações da Netshoes acumulam alta de 15% na Bolsa de Nova York. Fecharam nesta terça a US$ 3,05.
Além do Magazine, a B2W (que controla Submarino e Americanas.com) também já tentou comprar a varejista online.
A Netshoes foi fundada em 2000 como uma loja física de calçados em São Paulo, por Marcio Kumruian e Hagop Chabab. Com o fracasso nas vendas, o negócio migrou para a internet.
FOLHAPRESS
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